Ainda
que tomada por profunda gratidão,
Cego-me diante o bater das asas
Ensurdecem-me a vida das árvores
Ignoro o perfume
Abandono-me
Consumo o tempo
desligo-me pouco a pouco
da morna carícia
que pelo sol me
beija a pele.
Cego-me diante o bater das asas
de uma borboleta,
movimentando as partículas no ar.
Ensurdecem-me a vida das árvores
e todas as vidas guardadas nelas.
Ignoro o perfume
que insiste em me confessar
a diversidade das aquarelas
onde sombra alguma, apaga...
Abandono-me
no curso sistemático de um rio
que delicadamente, comove as pedras
lembrando-me que
absolutamente tudo, p a s s a...
Consumo o tempo
e me consumo em tantas margens,
diluindo tudo o que vivo
em águas de sais
e pedras de água.
lumansanaris
Imagem: Google