​"Cabe-nos a tarefa irrecusável, seriíssima, dia a dia renovada, de - com a máxima imediaticidade e adequação possíveis - fazer coincidir a palavra com a coisa sentida, contemplada, pensada, experimentada, imaginada ou produzida pela razão." Goethe​

DESAMPARO


Já não sei mais se são novas ou repetidas
Estas mi’as lágrimas agora derramadas
Lamentos, via-láctea de mágoas antigas
Ou novas chagas d’uma fria madrugada.

Cegos os olhos, que crendo na absolvição
Abrem os braços, uma vez e outras mais
Acreditando ter asas no lugar das mãos
Sonham varrer do céu os seus temporais.

E nesses dias em qu’o sol não beija a terra
A alma se consome em um lodo incomum
Assistindo conquistas ganhas pela guerra
Chora o amor que está em lugar nenhum.

Tenho a alma construída pelo desamparo
No peito uma fé ora sufocada pelas dores
Estas minhas lágrimas, dançam no embalo
Do covarde amor que mora nos bastidores. 

Lumansanaris
Imagem: Google

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