​"Cabe-nos a tarefa irrecusável, seriíssima, dia a dia renovada, de - com a máxima imediaticidade e adequação possíveis - fazer coincidir a palavra com a coisa sentida, contemplada, pensada, experimentada, imaginada ou produzida pela razão." Goethe​

F A D O


Ai que tristes são as minhas digitais!
Estando assim - tão longe das tuas! -
Pois violam-me aos poemas de amor
Exibindo d’alma a dor que me apura.

Amargo fado imposto às minhas mãos
Que afastadas dos traços de falsidade
Denunciam toda mi'a tristeza e solidão
Que insistentemente o peito invadem.

Tem dias que a angústia maltrata tanto
E a dor faz pesar o pulso, rasga o papel
Então lavo mi’a negra sorte com pranto
E risco versos desfiando a alma em véu.

Em tempos assim, nada foge da tristeza
A poesia nasce arrancando fogo da alma
As letras são como lamparinas acessas
Do amor, o que alcança a minha palma. 

Lumansanaris
Imagem: Google


EM MIM...


Conservo-te em meu cálice
de sede infinita
E em cada emotiva lágrima
que contorna os olhos
e em minha pele dormita.

Em cada oração de minha poesia
Nos  intervalos dos versos
que me roubam o sossego
por te saberem tão imenso
 - Intimidando-me o descrever -

Conservo-te além dos limites do céu
E entre as nuvens de meus medos
Na loucura de tentar manter em segredo
o que já não cabe mais dentro de mim.

No lento caminhar das horas
que recordam de meus braços
a tua dorida ausência.

Conservo-te vivo nos clamores
desta infinita saudade
que em meu peito fizeste nascer
Porque nascendo essa saudade
de amor me fazes
o tempo todo querer morrer. 


Lumansanaris
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FRÁGIL


                  Eu não nasci para ser rasa,
                  ou para sentimentos rasos...
                  Rasas sensações, nunca me comoveram
                  o raso nunca me moveu!
                  E até à dor
                  permito o direito a última gota.
                  Nasci para os grandes mergulhos
                  e intensas buscas...
                  Também nunca me afoguei
                  apenas transbordo...
                  E quando mergulho de cabeça
                  oferto descanso aos meus pés...
                  Eu conservo amor
                  pelas profundas e grandes medidas.
                  Seduz-me trilhas inexploradas
                  eu as busco, persigo-as, questiono-as!
                  Também nunca tive medo
                  de afundar caminhos que me agradam.
                  Quando por eles, cativada
                   percorro-os densamente,
                  intensamente, repetidamente...
                  Sempre fui assim,
                  apenas o meu sono,
                  não conhece a intensidade,
                  mas os meus sonhos, sim!
                  E também é de meu sono
                  o profundo conhecimento
                  da palavra não...
                  Às vezes, faço-me dura como pedra
                  noutras, sou apenas coração...
                  Frágil demais para ser manuseada
                  e exageradamente complicada!
                  Culpo as buscas,
                  inda estou nelas,
                  quem sabe um dia me acho
                  ou me perco de vez...
                  Tanto faz, já fiz tanto
                  que não me assusta perder tudo
                  Pois internamente, sempre terei algo
                  que me motive a recomeçar. 

                  Lumansanaris
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DESCONCERTO


Hoje sinto em mim certo desespero
e uma demasiada necessidade de amor
falta-me a sensação de possuir
- uma alma enfim -

Mas eu sorrio - e juro alegria -
Finjo ter tudo
e sigo, sendo nada - em lugar algum -
E essa é toda a minha verdade.

Às vezes me calo
 porque anjos estão a falar
e eu os ouço constantemente.

Mas hoje, dói em mim certa ausência
talvez porque agora
os anjos tenham se calado
e silenciado as suas liras também.

Então, eu descanso os meus olhos
para que ninguém perceba
essa falta de alma neles...

Dissolvo as pedras, os desafios
e até os caminhos
finjo descanso e uma paz merecida.

Os pulsos sangram, lentamente
- nada que ameace a vida -
isso tudo é apenas uma tinta
fabricada pelo dia
algo que servirá à poesia.

Lumansanaris
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TRANSCREVE-ME

     

    Permite o escorregar da pena
 que tatua os versos teus 
     e liberta a confissão
     de toda a malícia dos teus desejos
     mais profanos...
     Acaricia estes meus olhos
     sedentos de tua poesia.
     Faze-me sonhar a presença
     de tuas digitais nas minhas
     Dá-me o calafrio das horas
     que se embriagam de paixão...
     Vê na folha branca que te espera
     a minha pele,
     suada e arfante pelos toques teus.
     E sem piedade alguma
     desenha-me em fortes traços de nafta
     para depois sussurrar as fagulhas
     que me consumirão.
     Vinga-te impiedosamente do meu desafio
     e usa a tua pena - sem pena alguma -
     Imprime em minhas memórias
     detalhes de uma noite de amor
     abundante em tons de carmesim.
     Enlaça-me em tuas tintas de devaneios
     e perde todo o receio
     procurando em meus meios,
     o teu fim.

 Lumansanaris
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MANIFESTO



Canto, enquanto flamejo e suspiro em sonhos
A tormenta loucura por possuir os lábios teus
Ai... Eu lendo oralmente os teus pergaminhos
Pagar-te-ia o mais alto preço por este apogeu.

Entrego-te a mi’a alma em folhas de ternura
E isto ainda seria pouco, então eu vou além
Volto ao tempo, colho as páginas mais puras
Revelando-te raízes conhecidas por ninguém.


No céu de tua boca, colhendo de raras estrelas
Entre galáxias de sabores, construirei um ninho
Digo não a todas as riquezas, não preciso tê-las
Pois terei formado contigo um laço de carinho.

E enquanto canto em versos a dorida confissão
De tanto amar e desejar sempre e cada vez mais
Dou corda nas notas que tocam em meu coração
Desejando que o teu, um dia toque notas iguais.


 Lumansanaris
Imagem: Google

C I S M A S

 
Chega um determinado momento na vida
em que as coisas todas, mudam de importância.
Você aprende que as agressões
são como meteoros
que cortam com fogo o céu de nosso peito
mas logo passam, apagam-se!

Você aprende que o carinho é mais importante
e que dele, são os cuidados, a delicadeza e o amor.
Carinhos são como estrelas
sempre estão lá, ainda que ocultas
para que outras luzes possam brilhar
e quando estas adormecem,
elas acordam para lhe acompanhar.

Chega um determinado momento na vida
em que você descobre, que algumas ausências,
provam-lhe a fé e a sensibilidade
e algumas, na realidade
nunca irão realmente existir
pois instalaram presença fixa no coração
e nem mesmo a dor da saudade
faz-se mais forte.

Você aprende que o amor deixa livre
e que ao reclamar dores
está apenas fazendo charme,
pois é a forma que encontrou de dizer
[ estou aqui esperando por você...]

O amor é uma droga, causa dependência
nunca ouvi dizer que alguém que o tenha provado
conseguiu depois viver sem.

Chega um determinado momento na vida
que a dor lhe rouba todos os sentidos...

Essa é uma grande oportunidade que a vida lhe dá
é como se ela lhe dissesse 
que é hora de renovar as bagagens,
porque a viagem precisou mudar de direção.

E tudo o que passou, fica guardado
numa caixinha que atende pelo nome de saudade.

E você aprende que por um tempo, é bom não abri-la
porque os sentimentos passados podem lhe seduzir
e a sua vida se perder
simplesmente por não atender o futuro 
que o espera logo a frente.

Então, você descobre que as saudades,
assim como o vinho, 
precisam de tempo para perder a sua acidez
e ganhar um toque de riso e prazer.

Chega um determinado momento na vida
que você descobre que toda a forma de amor,
é livre de desencontro
simplesmente por ser um sentimento
que almeja  tudo, mas não só para si!

E descobre também que ele se manifesta 
até na simples oração que interrompe o silêncio
e não nasce apenas das possibilidades,
porque as impossibilidades são ótimas provas para o amor
pois quando você perde o medo delas
é que o seu sentimento, já rompeu todos os limites...

Lumansanaris 05/07/2013
Imagem: Google

  

DESAMPARO


Já não sei mais se são novas ou repetidas
Estas mi’as lágrimas agora derramadas
Lamentos, via-láctea de mágoas antigas
Ou novas chagas d’uma fria madrugada.

Cegos os olhos, que crendo na absolvição
Abrem os braços, uma vez e outras mais
Acreditando ter asas no lugar das mãos
Sonham varrer do céu os seus temporais.

E nesses dias em qu’o sol não beija a terra
A alma se consome em um lodo incomum
Assistindo conquistas ganhas pela guerra
Chora o amor que está em lugar nenhum.

Tenho a alma construída pelo desamparo
No peito uma fé ora sufocada pelas dores
Estas minhas lágrimas, dançam no embalo
Do covarde amor que mora nos bastidores. 

Lumansanaris
Imagem: Google

F E R I D A



Em dias assim, de pulsos cortados
castiga-me a escrita que não sabe se conter
- sangram-me os nervos todos. -

Como me dói a escrita nestes dias
em que o nevoeiro nunca passa
e tudo é apenas promessa.

Ferem-me as promessas
que jamais serão cumpridas
fere-me esta vida  
e a que eu nunca pude ter.

Fere-me profundamente
toda essa necessidade de alma
estando assim,
tão distante de você.

Lumansanaris
 Imagem: Google



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